sábado, 16 de outubro de 2010

Life


Adultos jogavam buraco e a criança, sábado à noite, admirava a lua cheia no céu limpo. Quando eu sentia o cheiro da noite, e o luar entrava em minha alma de um jeito incontrolável, insano, um estupro, um crime.
Noites chuvosas eram as mais tristes e frias. Solitárias e belas. Música triste sempre as embalavam, lágrimas sempre pulavam de meu rosto por algum motivo. Um motivo além da carne, espiritual.
Minha preocupação não passava de decorar as músicas novas do cd novo de meu artista preferido, compor, desenhar, inventar um novo jeito de passar a sombra preta e tirar as mais belas fotos de tudo o que me atraía. Dezenas de fotos da lua ainda guardo.
Os adultos bebiam Campari e St. Remy e a criança água tônica com limão. No televisor Supercine, Altas Horas ou Celebrity Death Match - quando os adultos deixavam. A música que tocava nesses encontros geralmente era Raul Seixas, Djavan, Kid Abelha, Marina Lima, Chico Buarque. Uma época em que a música de sucesso tinha conteúdo ou, se não, era o "É o Tchan".
Talvez aqueles tempos nunca voltem, mas são, definitivamente, os melhores tempos de minha vida.

2 comentários:

Robson Henrique disse...

Não sei por quê... Mas gostei deste post!

Cherry Ki disse...

chorei ;-; pura nostalgia me lembrou dos meus tempos